Ontem, dia 20 de junho de 2011, nos deparamos com mais um episódio onde uma mulher foi morta a tiros pelo ex-marido que não se conformava com o fim do relacionamento, vindo logo em seguida a tirar sua própria vida. O fato ocorreu em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O que leva uma pessoa a tal ato, (matar por amor)?
O crime passional manifesta a inépcia do sujeito de conduzir a sua vida: o medo de perder o outro, que pode decorrer do ciúmes patológico, por medo de rejeição, real ou fantasiada, de baixa autoestima, de intolerância à frustração, ou impotência para lidar com a rejeição real; inabilidade de viver com o sucesso do outro.
Eles podem ser fruto de um narcisismo excessivo que se expõe com reações doentias tais como os ciúmes paranóicos, obsessivos e delirantes.
O sujeito agressor concebe o parceiro como uma extensão de si mesmo, sem lhe conferir espaço de autonomia, que reivindica, constantemente, para si próprio. O outro vai completar, por vezes, a falha narcísica do Eu.
Quando ocorre uma frustração, o ato violento vem à tona, porque se aprendeu que o outro tem que existir em função do eu, que na maioria das vezes não sabe, dar para receber, se fracassa nisto, mas se realiza em outro contexto. Há necessidade de somente ganhar com a presença do outro, contudo o mais benéfico seria oferecer algo de si para igualmente auferir.
O custo de educar uma criança sem prepará-la para a frustração é a imaturidade e, muitas vezes, o sujeito que não desenvolveu a maturidade para aceitar e respeitar o outro como ele é, tendem a ver a outra pessoa como um prolongamento do seu desejo.
Não rara às vezes, o criminoso, emocionalmente, é imaturo e descontrolado, possuído de “idéia fixa”. Assimilou os conceitos da sociedade patriarcal de forma completa e sem crítica. Para ele, normalmente o uso da agressão é traduzido em “eu sou poderoso e não frágil ou dependente”.
Por fim, pode-se abarcar que num crime passional tem sempre um fator principal (em sua maioria o ciúme patológico), porém existem diversos fatores externos que necessitam ser levados em conta como a história pregressa do agressor, além de seu estado psíquico; o tipo de relacionamento do casal, motivos externos como a questão financeira, família, sociedade e amigos.
Joselaine Garcia
Psicóloga
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