A função paterna é tão importante quanto a função materna, infelizmente recebe menos atenção dos meios de comunicação. A função paterna tem como tarefa servir de ponte para a apresentação e a aceitação da realidade à criança. O pai, portanto, é a lei, o limite, a realidade.
Por volta do quarto mês de vida, a criança descobre o pai como pessoa distinta da mãe e ele se torna o elemento capaz de fazer a criança separar-se da mãe e inserir-se no mundo social.
Podemos dizer que o pai tem um papel muito importante na vida da criança, associado à sua socialização e independência. O pai permite à criança ir mais longe e explorar o desconhecido, como diz Montgomery (2005, p.124): "O amor de pai liberta”.
Em nossa sociedade, parece ser natural atribuir à mãe um papel de maior importância na formação e na educação das crianças, o que deve ser questionado e problematizado, uma vez que as mudanças sócio-culturais do século XXI, trazem modificações importantes nas relações e nos papéis sociais de homens e mulheres.
Pais que priorizam trabalho ou outras atividades longe da família, pai que sai cedo para trabalhar e só retorna depois que os filhos já estão dormindo, que confere à mãe a responsabilidade pela educação dos filhos e que não participa da vida social ou emocional deles, na maioria das vezes causa em seus filhos intensos sentimentos de rejeição, culpa e frustração, mesmo que nunca tenha deixado nada material faltar e tenha cumprido as obrigações tradicionais da paternidade.
A ausência afetiva do pai pode conduzir a criança por um caminho depressivo, de enfermidade e vergonha, sem vivacidade, espontaneidade e energia.
Por outro lado, pais que encontram na relação com os filhos a chance de expressar suas emoções e limitações, que se se mostram atuantes nas atividades familiares, que vão além da paternidade tradicional, buscando amizade e companheirismo com os filhos, tende a promover nas crianças um autoconceito positivo, elevada autoestima, coragem e criatividade para resolver problemas, sentimentos de pertencimento e de adequação social e uma real facilidade de inclusão social.
O pai humano e sentimental que promove um contato sincero, aberto e afetivo com seus filhos traz benefícios para a saúde emocional dos filhos, assim sendo, pode-se dizer que o amor do pai é imprescindível para a saúde psicológica, o equilíbrio emocional e a adaptação social da criança.
Conversas, abraços, afagos e sorrisos são meios do pai demonstrar ao filho seu apoio e não significam a diminuição da força masculina ou do poder patriarcal.
A quebra das reproduções tradicionais de paternidade possibilita a este pai realizar-se como ser humano, ser carinhoso e sensível às necessidades dos filhos e da família sem culpa. E isso, seguramente, só acarreta benefícios para a saúde psicológica das crianças e dos futuros pais e mães.
Assim, quero cumprimentar principalmente esses pais que estão em busca de um novo caminho, de um novo modo de se relacionar com seus filhos, de um novo jeito de ser homem e de ser pai. Um jeito mais humano, mais benéfico e mais maduro. A vocês, bravos pais, meus parabéns!
OBS: Quando falo em função paterna, não estou me referindo especificamente ao pai biológico, mas também aquele que de uma certa forma assume essa função na vida da criança, podendo ser o avô, o tio, ou até mesmo a mãe.
Joselaine Garcia
Psicóloga - CRP07/18433
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