sábado, 14 de janeiro de 2012

LEI DA PALMADA ...





Entrevista concedida pela Psicóloga Joselaine Garcia, CRP 07/18433, à Repórter Daniela Lisboa, do Jornal O Jacuí, da cidade do Salto do Jacuí.








O que você pensa sobre a Lei da Palmada, que proíbe agressões em crianças e adolescentes?
No meu ponto de vista a lei da palmada tem aspecto positivo e negativo:

O aspecto positivo é que chama atenção para o fato de que a educação tem que ser diálogo, não violência. Os pais necessitam ter o exercício do diálogo e compreender que a violência não pode fazer parte da educação.
A discussão provocada por essa medida é interessante para que a sociedade avalie a violência cometida contra a criança dentro de muitos lares de forma “educativa”.

O aspecto negativo é que intervém na intimidade da família, fazendo com que os pais hoje fiquem na dúvida de como agir como pais e pequem na permissividade. Portanto, ainda que o intento da lei possa ser boa, entendo que existam maneiras muito mais pedagógicas e inteligentes de fazer os pais educarem corretamente os filhos.

Você acredita que umas “palmadinhas” possam ou não ajudar na educação?
Raramente os pais se atêm a apenas uma palmada. Comumente quem dá a palmada, não dá apenas uma, mas sim duas, três, quatro. Uma “palmadinha” não é o problema, a palmada passa a ser um problema quando se torna a principal forma de comunicação dos pais com os filhos.
A palmada não é a melhor forma de educar. A criança aprende pelo exemplo, e quando a gente bate, a lição que a criança aprende é que a forma de resolução dos conflitos é agredindo fisicamente.
Impor limites não necessariamente tem como único caminho a palmada.

Você acha que esse tipo de Lei pode tirar a autoridade dos pais com relação aos filhos?
Eu acredito que sim, penso que a medida possa suscitar uma sensação de impunidade nas crianças e nos adolescentes, hoje infelizmente só há cobrança e divulgação dos direitos das crianças e adolescentes, mas não há cobranças e divulgação dos deveres, destarte acredito que com essa lei pais e mães perdem seus lugares no exercício da autoridade parental.
Penso que antes de se criar leis é necessário educação e orientação, é muito importante educar os pais para eles assumirem a responsabilidade da educação dos filhos com autoridade legitima, não com autoritarismo.
O “ideal” é não precisar bater, e que a ordem, a autoridade dos pais seja compreendida pela criança pela voz, pelo olhar, não pela força, com uns ajustes as coisas podem seguir outro rumo. Hoje os pais estão perdidos na forma de educar, por isso mais do que criar leis, acredito no poder Estado de ensinar. Campanhas que auxiliem a sociedade a pensar em outra formas de educar e por limites, em como os pais podem exercer a autoridade sem autoritarismo ou violência são muito mais eficazes do à criação de leis.

É possível educar um filho sem palmadas ou algum tipo de agressão? Como?
Claro que sim, é certo que a educação é um processo longo e exigente, para o qual não há receitas prontas, mas os pais devem educar, ou construir o seu modo de educar pautado em valores e princípios éticos. 
A força física apenas gera medo e o medo faz obedecer, mas não transmite princípios, nem impõe respeito.
Educar é também dar exemplos e assim direcionar os filhos para um bom desenvolvimento emocional e para isso é imprescindível, os pais terem consciência do seu próprio funcionamento, ou seja, o que faz, para que faz e não só o porquê faz.
Portanto direcione seu filho dando exemplos, ensine sendo e aprenda fazendo, não adianta o adulto almejar educar a criança se ele mesmo não lida bem com suas limitações. De nada vale expor as regras para seus filhos, esclarecer as causas e as consequências, se você mesmo, como adulto, diz uma coisa e faz outra. A criança percebe de imediato a dicotomia entre a palavra e a atitude.
Ter paciência, colocar limites e regras e conversar com seu filho, com certeza trarão mais bem estar e confiança entre pais e filhos. Quem educa com amor, ensina o amor.

O que geralmente acontece quando os pais decidem pelas palmadas, é a perca da paciência?
Quando os pais usam da agressão física para educar ou da psicológica para educar é porque algo já não vai bem, a autoridade dos pais não está compreendida na mente da criança ou adolescente. E isto necessita ser refletido pelo adulto no sentido de procurar entender o que esta errado, onde estão ficando lacunas para esta deficiência da autoridade, o que o filho esta buscando com tal pratica. Estas ponderações auxiliam extremamente no transcurso do desenvolvimento da relação pais e filhos.

As ‘palmadinhas’ podem causar algum trauma na criança? Por quê?
Uma leve palmadinha não, mas uma, duas, três... e quando essas palmadas se tornam a única forma de intervenção sim, pois a criança vai apreender que os conflitos são resolvidos com agressões físicas.
Muitas vezes o ato repetitivo da agressão pode levar a criança ou adolescente a sentir raiva do adulto e aprender que a força é um meio cabível de alcançar o que quer. A agressão física pode diminuir a autoestima, aflorar sua agressividade, seu medo e insegurança.

Qual é a melhor maneira de repreender uma criança quando faz algo errado sem causar quaisquer transtornos a ela?
É imprescindível manter a calma, corrigir o comportamento com voz firme, autoridade e convicção de sua atitude.
Quando a criança se comporta mal, deve ser proibida de fazer algo que gosta, perder algum privilégio, use o castigos, mas estes tem que ser condizente e de acordo com idade da criança ou adolescente, nunca aplique castigos que não serão possíveis de serem cumpridos, tem que haver ponderação. É imprescindível não voltar atrás no castigo ou ordem dada, as crianças devem compreender que todos os seus atos tem uma consequência.

A criança/adolescente pode se tornar uma pessoa violenta por isso?
Sim, mas quando a palmada se torna a principal forma de comunicação dos pais com os filhos. Educamos pelo exemplo, normalmente os comportamentos dos pais são notados e repetidos por suas crianças.

Como você acredita que deva ser uma relação familiar, qual o papel do pai e da mãe?
Para ter uma relação de qualidade com os filhos é imprescindível que os pais ouçam os seus filhos, que os compreendam, que entrem no seu mundo e que partilhem, façam com eles. Que pais e filhos se permitam a uma relação próxima, de intimidade, onde haja empatia, confiança e segurança. Demonstre orgulho, elogie quando as coisas vão bem, pergunte ao seu filho como foi o seu dia, as crianças vão sentir que tem valor, se são estimulados a contar o que aconteceu durante o dia, perguntar como foi seu dia e parar para escutar a resposta não demanda muito tempo.
Comunique-se com seu filho, uma boa comunicação entre pais e filhos exige em primeiro lugar, traduzir o amor, respeito, confiança, atenção e atender as suas necessidades básicas.
Comunicar-se com os filhos é dar apoio, conhecer as suas dificuldades, verificar pelo que eles estão passando, estimulando suas potencialidades, dando liberdades e incentivo, e respeitando os sentimentos da criança.
O mais adequado é dar atenção à criança antes que ela comece a se comportar mal, procure estar com a criança, durante um tempo saudável, de qualidade, isso faz com que ela se sinta amada, querida e certamente diminui a frequência dos comportamentos inadequados da criança.

sábado, 7 de janeiro de 2012

OLHE PARA O RELÓGIO: HORA DE ACORDAR.

Olá, hoje quero falar sobre felicidade e para isso trago para vocês um texto que fala sobre a felicidade real versus felicidade imaginária. É um belo texto da Marta Medeiros, esse texto circulou na revista Época em 2003.

Boa leitura, o texto é maravilhoso,
Reflita sobre ele!!!!

"FELICIDADE REALISTA"

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.


Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.


Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.


Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade. (Marta Medeiros)


Bora menina (o), olhe o relógio: hora de acordar!!!!! Tome cuidado para não se tornar uma pessoa eternamente insatisfeitas!
Precisamos pensar numa felicidade real e não numa abalizada em filmes de Hollywood, contos de fadas e novelas.
Dizem que a vida é curta, mas não é, A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. (Dalai Lama)
‎"A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz." (Freud)

Então, vamos em busca da felicidade, só não podemos esquecer que: "A vida é composta de prazeres pequenos. A felicidade é composta desses pequenos sucessos. O grande vêm muito raramente. E se você não colecionar todos estes pequenos sucessos, o grande realmente não significará qualquer coisa." (Norman Lear)


Joselaine Garcia
Psicóloga
Esp.em Docência Universitária
CRP 07/18433