domingo, 12 de fevereiro de 2012

PSICOTERAPIA ALTERA ANATOMIA CEREBRAL



"Desabafar muda o cérebro"


Contar um trauma altera funções cerebrais, diz o psicoterapeuta. E ajuda a superar a dor
Por Suzane Frutuoso

Falar sobre as dores vividas é essencial para superar um trauma. Ao fazer isso, a pessoa é capaz de reorganizar sentimentos. Até aí, nenhuma novidade. O psicólogo Julio Peres, de 38 anos, foi além. Conseguiu mostrar que a conversa modifica o funcionamento do cérebro.
A pesquisa, tema de doutorado de Peres em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo, deve ser publicada em junho na revista Journal of Psychological Medicine. O estudo foi feito com 16 pacientes que sofreram estresse pós-traumático parcial (que não apresentam todos os critérios de diagnóstico). Eles passaram por oito sessões de psicoterapia. Os indivíduos narraram o momento traumático várias vezes. Depois, foram convidados a relembrar situações difíceis que viveram anteriormente e a sensação positiva que tiveram ao superar o problema. Exames de tomografia ao final do tratamento revelaram que o funcionamento cerebral é modificado com a narração. "Quem passou pela psicoterapia apresentou maior atividade no córtex pré-frontal, que está envolvido com a classificação e a 'rotulagem' da experiência", diz Peres. "Por outro lado, a atividade da amígdala, que está relacionada à expressão do medo, foi menos intensa." Isso fortalece a tese de que falar sobre o problema ajuda a pessoa traumatizada a controlar a memória da dor que sofreu.
Julio Peres
• O QUE ESTUDOU
Psicólogo clínico, especialista em Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Doutorando em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)

• O QUE ESCREVEU
Autor de diversos artigos científicos sobre traumas psicológicos, psicoterapia e superação, publicados em revistas como Psychological Medicine e International Journal of Psychology

ÉPOCA - Como foi realizado o estudo?
Julio Peres - Aplicamos questionários para estabelecer as modalidades sensoriais (o rosto do ladrão, o cheiro da gasolina, o barulho da freada do carro) que permaneceram na mente dos indivíduos. Antes da psicoterapia, essas sensações estavam exacerbadas. Depois dela, verificamos que o valor sensorial das memórias traumáticas diminuiu. O que aumentou foi o valor narrativo, junto com a atividade do córtex pré-frontal. É um achado importante. Significa que, à medida que a narração do evento aumenta, as respostas emocionais e as sensações são atenuadas.

ÉPOCA - Como o senhor teve a idéia do estudo?
Peres - Muitos profissionais da saúde não creditam o devido valor ao tratamento pela ausência de marcadores biológicos do efeito psicoterápico. Quis estudar a produção científica com o uso do método de neuroimagem funcional com a psicoterapia. No Brasil, é o primeiro estudo desse tipo. Fiz uma revisão de todos os estudos publicados no mundo. Qual foi minha surpresa? Existiam apenas 20 estudos sobre o assunto. E a neuroimagem já existe há 20 anos!

ÉPOCA - Dá para dizer que a psicoterapia muda o funcionamento cerebral?
Peres - Sim. A maneira como o cérebro processa as informações muda. Os psicólogos deveriam estudar seus pacientes com métodos neurofuncionais. No Brasil, ainda é difícil. Poucas pessoas têm conhecimento sobre o assunto.

ÉPOCA - Qual é o perfil dos pacientes estudados?
Peres - São pessoas que sofreram traumas, mas não preencheram todos os critérios do estresse pós-traumático. São pessoas que passaram por eventos como perda de entes queridos, acidentes, separação, abuso sexual, assalto, seqüestro. Eles representam 30% da população geral.

ÉPOCA - Quem não pode fazer psicoterapia deve compartilhar seus problemas com alguém? Isso também muda o cérebro?
Peres - Sim. Em geral, as pessoas traumatizadas tendem a se isolar. Não verbalizam o evento, não compartilham suas histórias. Justamente pela falta de contar e recontar essas histórias, as pessoas ficam com as memórias traumáticas fragmentadas. Medo, sensações dispersas, sem atribuição de um significado para o que aconteceu. Quando ela constrói esse significado, tem a possibilidade de reconstruir o momento trágico, trazendo um aprendizado daquele evento. Isso alivia a dor.
ÉPOCA - Relembrar a situação traumática não é pior?
Peres - É exatamente isso o que os traumatizados pensam. Lembrar outra vez da dor? É como se o indivíduo voltasse ao horror experimentado. Mas, se ele não falar sobre sua memória, não consegue dar significado e entender o acontecimento. Falar modifica a interpretação. Converse com pessoas de confiança: amigos, familiares, alguém vinculado a sua crença religiosa. O mais importante é que possa de fato compartilhar. Não é falar para qualquer um. Deve ser alguém que tende a acolher. Escrever também é um caminho. O publicitário Washington Olivetto escreveu durante o trauma (enquanto estava seqüestrado). Certamente, isso o beneficiou. É um exemplo de superação.

ÉPOCA - Em traumas semelhantes, as pessoas têm reações parecidas?
Peres - Os estudos mostram que em tragédias naturais avassaladoras, como tsunamis e terremotos, a resposta de cada envolvido é absolutamente diferente. Não existe uma resposta universal ao trauma. Temos estudado o que predispõe à recuperação. O que as pessoas que superam essas situações difíceis desenvolvem como qualidades? E por que aquelas que continuam traumatizadas não conseguem desenvolvê-las, pelo menos por algum tempo?

ÉPOCA - O que fazer para não ficar preso às lembranças de uma tragédia?
Peres - Criar novos objetivos. É ver o acontecimento como uma oportunidade para o aprendizado e o crescimento pessoal . Sentimentos positivos, como o altruísmo, ajudam a pessoa a melhorar rapidamente em vez de sucumbir ao trauma. É essencial não se sentir enfraquecido, incapaz perante o que viveu. E o trauma está muito ligado à incapacidade. Por exemplo, num acidente de carro, a pessoa pensa: "Eu não pude controlar o carro e fiquei preso nas ferragens". O trauma pode marcar o indivíduo nesse sentido. Ele se sente sem condições de superá-lo. Quem cria uma aliança positiva com aquele momento sai mais facilmente da dificuldade.

ÉPOCA - O que perpetua um trauma?
Peres - Em geral, os traumatizados têm a tendência de querer pagar na mesma moeda. Com pensamentos do tipo: "Mataram minha mulher e agora vou matar cada um desses caras". Quando existe o sentimento de vingança, a repetição do ciclo traumático não acaba. Não resolve o problema, e os traumas vão aumentando.
ÉPOCA - Que substâncias o cérebro libera quando a pessoa sofre um trauma?
Peres - O trauma pode se estabelecer de duas maneiras. Uma é a hiperestimulação, que envolve o sistema simpático, relacionado à adrenalina. O indivíduo fica em alerta, irritado, com insônia, pensamentos intrusivos. O outro lado é a dissociação , que envolve o sistema parassimpático e a endorfina. É também uma estratégia de adaptação, de sobrevivência ao evento. Um anestesiamento. Acontece especialmente com crianças que sofreram abuso sexual, porque geralmente o agressor está em casa. E diante disso ela não pode fugir. Ela dissocia, como se não estivesse acontecendo nada. Só que as conseqüências dessa dissociação são gravíssimas. Em geral, viram adultos que não conseguem estabelecer vínculos afetivos. Aquele processo de dissociação ficou tão enraizado, como uma defesa de sobrevivência, que também tende a continuar por um bom tempo.
ÉPOCA - Quanto tempo uma pessoa leva para superar um trauma?
Peres - Depende de cada pessoa, do processamento interno em relação ao ocorrido. No caso do estudo, fizemos oito sessões de terapia, com duração de uma hora e meia cada uma. E essas sessões foram suficientes para o grupo modificar as respostas emocionais. Eles ficaram mais equilibrados psicologicamente.
O que diz o estudo
Após oito sessões de psicoterapia, os pesquisadores observaram mudanças nas seguintes regiões do cérebro
Maior atividade no córtex pré-frontal
Ele está envolvido na classificação das experiências
Menor atividade na amígdala
Ela está relacionada à expressão do medo
Fonte - Época - edição. 471 de 28/05/07

INTERNET, O OÁSIS DOS TÍMIDOS

Esse texto trata-se de partes de um artigo escrito pela colega, Psicóloga, Mariuza Pregnolato, Matéria publicada no portal minha vida, março 2007: http://minhavida.uol.com.br, devido a beleza e a competência do conteúdo achei interessante compartilhar com vocês. O artigo pode ser visto na integra no portal acima ou no site da colega: www.mariuzapregnolato.com.br
As partes grifadas tratam-se de grifos meus, não da autora.



A timidez não é uma doença, mas pode transformar-se numa fonte de intenso sofrimento para aqueles que sentem-se incapazes de adquirir desenvoltura social. Antigamente, o principal refúgio dos tímidos era a leitura e a escrita.

Há algumas décadas, além da arte, uma nova possibilidade tornou-se acessível para esse público: a TV. Logo em seguida veio o videogame, uma forma de brincar que, como a TV, dispensava a companhia de outra pessoa.

E então surgiu, no final do século passado, a até então impensável maravilha das maravilhas: a internet.

Uma ferramenta que conjuga todas as alternativas anteriores e muito, muito mais. Com ela, até o mais anti-social dos indivíduos, além de ler, escrever, assistir e jogar, sozinho ou com amigos virtuais do mundo todo, pode também bater papo, estudar, trabalhar, comprar, vender, obter informações para resolver seus problemas do dia-a-dia, namorar e até fazer sexo virtual, sem se expor pessoalmente, quero dizer, sem se relacionar de verdade com ninguém!

Isso é bom ou ruim?

Por um lado é bom e pode até estimular um relacionamento pessoal. Para aqueles que têm dificuldade de iniciar uma abordagem cara a cara, começar a conhecer algumas pessoas mais devagarzinho através da net pode ser um bom início para, só depois, quando se sentirem mais seguros, partir para um contato real.

O problema é que muitas pessoas, agora que dispõem desse recurso tão vasto para preencher quase todas as necessidades de suas vidas, tendem a isolar-se ainda mais do contato social ao vivo. Isso porque quando não havia a internet, algumas atividades tinham que ser feitas pessoalmente, como ir ao supermercado, por exemplo. Despensa e geladeira vazias eram uma forma de pressão suficientemente forte para obrigar a pessoa a sair do isolamento e, pelo menos, ir às compras. Nem isso, agora, ela precisa fazer porque, com uns poucos clicks, o supermercado vai à sua porta.

Déficit de habilidades sociais, uma inabilidade em relacionar-se socialmente devido à excessiva ansiedade em relação ao próprio desempenho, que redunda em falta de assertividade verbal, dificuldade de iniciar e manter conversações, de expor sua opinião e defender seus interesses verbalmente de modo satisfatório, etc. É um quadro gerado, principalmente, por uma educação muito rígida e punitiva que, geralmente, produz isolamento, forte ansiedade, sentimento de solidão e estado depressivo.

O déficit de habilidades sociais tem tratamento e, na maioria dos casos, pode ser revertido em um espaço de tempo relativamente curto. A partir de um diagnóstico das necessidades do cliente, num primeiro momento ele é treinado para comportar-se socialmente de modo adequado, aprendendo a lidar com a angústia, a sensação de insegurança e a ansiedade que sempre acompanham essas situações. O objetivo desta fase da terapia é transformar o cliente numa pessoa sociável e capaz de ir em busca de seus objetivos, obtendo autoconfiança e elevando sua auto-estima. O passo seguinte – e que pode ocorrer simultaneamente ao treinamento – é levá-lo a conhecer-se melhor e adquirir autonomia, tornando-se capaz de valer-se de sua própria criatividade e recursos internos para enfrentar cada novo momento da vida.

Sem um tratamento adequado, essas pessoas perdem a oportunidade de descobrir que suas dificuldades são as mesmas de todo ser humano porque todos nós, no fundo, temos medo do sofrimento em nossos relacionamentos. E a possibilidade de compartilhar nossos talentos e defeitos é o que faz com que nos sintamos aceitos, acolhidos e amados, sendo do jeito que somos.

Habilidade para se relacionar é construída sobre o alicerce da autoconfiança. Uma amizade profunda é construída a partir da capacidade de confiar no próprio julgamento e de se expor ao outro. São qualidades que todos nós somos capazes de desenvolver, aprendendo a discernir e escolher em quem queremos apostar para abrir nossos corações.


Joselaine Garcia
Psicóloga – CRP 07/18433
Especialista em Docência Universitária

Você é a responsável pelos seus sofrimentos!
Procure um psicólogo(a) de sua confiança, faça uma consulta e decida pelas suas mudanças emocionais. Quando aprendemos a simplificar as coisas e ver seu verdadeiro valor, a vida se torna mais prazerosa, mais gostosa de ser vivida

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

VISÃO DISTORCIDA DA FELICIDADE

Nunca espere pelo momento perfeito.
Quando tiver o momento, torne-o perfeito.

A busca da felicidade, sem ter consciência do que é realmente ser feliz, tendo uma visão distorcida de felicidade, acaba levando a relacionamentos precários.


Quando se tem uma visão distorcida da felicidade, se tem uma visão distorcida da vida e, por conseguinte das relações intrapessoais e interpessoais.

Sujeitos que vivenciam essa visão deturpada passam a vida inteira ou uma boa parte dela construindo relações insignificantes e superficiais abalizadas na insegurança, no medo de perder, no receio de estar sempre sendo boicotadas e sempre tentando se auto afirmar.

Normalmente pessoas carentes têm uma visão distorcida do amor. “Algumas teorias da psicologia ainda acreditam que pessoas carentes não conseguem, mesmo que inconscientemente, diferenciar amor, dor e sofrimento”.

Joselaine Garcia
Psicóloga – CRP 07/18433
Especialista em Docência Universitária

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

OS RELACIONAMENTOS AMOROSOS NA ATUALIDADE.

Vemos muitos casais de namorados ou até mesmo casados que vivem em um vai e vem, "namora-separa-volta", esse tipo de relação é característica dos dias atuais.

Na atualidade a precariedade, a fluidez dos vínculos são fatores que colaboram para esse tipo de comportamento. Pais sem “tempo” para os filhos, a falta de limites, a compensação do amor por objetos, enfim, a dinâmica familiar contribui muito para essa situação, pois é no seio da família que a pessoa vai definir seus padrões básicos de funcionamento, isso significa a sua forma específica e repetitiva de ser e de reagir em todas as situações; os mecanismos que usará para viver e sobreviver; suas escolhas ao compreender e se relacionar com as pessoas e situações.

Este padrão se constrói no entrelaçamento das relações familiares, das normas explícitas e das regras que são passadas de forma sutil, nos olhares, nos toques, nas palavras e atos. Paralelo ao padrão de funcionamento que vai construindo o indivíduo vai estruturando a sua auto-imagem.

Geralmente uma pessoa que cresceu em uma família disfuncional na qual suas necessidades emocionais não foram atendidas, ou seja, indivíduos que não se sentiram apoiados e valorizados que se relacionaram em ambientes conturbados verão sua realidade como fria, vazia e solitária, podendo vir a apresentar dificuldades como: dependência afetiva, imaturidade, auto-estima prejudicada, insegurança, enfim, vários são os problemas que podem ocorrer em famílias disfuncionais.

Joselaine Garcia
Psicóloga – CRP 07/18433
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