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Entrevista com a Psicóloga Joselaine Garcia |
Entrevista concedida ao Jornal Diário Serrano, ed. do dia 18 de janeiro de 2015
Entrevista na integra
1-
POR QUE A MAIORIA DOS RELACIONAMENTOS ATUAIS DURAM TÃO POUCO?
As relações estão cada dia mais efêmeras
frente ao mundo que vivemos. Romper ficou mais fácil do que investir. Porém, cada
situação é única e cada caso deve ser avaliado.
Na atualidade, a precariedade, a fluidez
dos vínculos são fatores que colaboram para esse tipo de comportamento. Pais
sem “tempo” para os filhos, a falta de limites, a compensação do amor por
objetos, enfim, a dinâmica familiar contribui muito para essa situação, pois é
no seio da família que a pessoa vai definir seus padrões básicos de
funcionamento, isso significa a sua forma específica e repetitiva de ser e de
reagir em todas as situações; os mecanismos que usará para viver e sobreviver;
suas escolhas ao compreender e se relacionar com as pessoas e situações.
É
necessário esclarecer que, em um relacionamento amoroso, os dois membros do
casal são vítimas da rede inconsciente que os conduz ao afastamento.
2-
QUAIS FATOS PODEM EXPLICAR CADA VEZ MAIS RELAÇÕES SEM SENTIMENTO?
Múltiplos são os fatores, mas, como já foi explanado, muitas
vezes a qualidade de vida psicológica de uma pessoa depende dos tipos de
vínculos que ela estabelece no início de sua vida com seus modelos (mãe, pai
e/ou cuidadores) os quais serão mantidos durante seu amadurecimento. Nossas
estruturas cognitivas serão organizadas em função dos mesmos.
Estes vínculos são importantes para a
formação da estrutura da personalidade, na escolha de relacionamentos amorosos,
interpessoais, no ambiente de trabalho, na forma de administrar o stress
diário.
O
relacionamento poderá ser intensamente influenciado pelo grau de maturidade
psicológica de cada um e pelo grau de consciência e autoconhecimento obtido
sobre sua própria dinâmica psíquica.
3-
PORQUE OS JOVENS ESTÃO TÃO AFOITOS POR NAMORAR E SE RELACIONAR?
A adolescência é uma importante fase do
desenvolvimento humano, pois durante esse período é vivenciada a passagem da
infância para a vida adulta. Durante essa passagem mudanças emocionais e
corporais acontecem e várias circunstâncias novas são vivenciadas. Dentre as
situações pela primeira vez vivenciada, têm ampla ênfase os relacionamentos
afetivos.
Hoje em dia, existe muito a questão dos
adolescentes, preferirem "ficar", O “ficar” é um novo modo de
interagir de alguns jovens, é próprio dos adolescentes que ainda estão
centrados em si e têm uma forte necessidade de se auto-afirmar. O “ficar”
muitas vezes, é uma experimentação que pode ser saudável se for bem acordada
por ambos.
O namoro faz parte na vida dos jovens, a
paixão experimentada pelos namorados dá energia e ânimo pela vida,
contribuindo, também, para a constituição da personalidade. A perspectiva de
receber e dar amor nutre a auto-estima, conduzindo o adolescente ao equilíbrio
emocional. No entanto embora não seja prejudicial, demanda certo cuidado, como
estar atenta se o namoro tomar rumos que possam prejudicar os jovens.
4-
PORQUE MUITAS PESSOAS NÃO ACREDITAM NO ''AMOR''?
Geralmente uma pessoa que cresceu em uma
família disfuncional na qual suas necessidades emocionais não foram atendidas,
ou seja, indivíduos que não se sentiram apoiados e valorizados que se
relacionaram em ambientes conturbados verão sua realidade como fria, vazia e
solitária, podendo vir a apresentar dificuldades como: dependência afetiva,
imaturidade, autoestima prejudicada, insegurança, enfim, vários são os
problemas que podem ocorrer em famílias disfuncionais.
O
ambiente hostil leva as pessoas a se sentirem insignificantes, sem valor, com
autoestima diminuída. Nas relações interpessoais pessoas com baixa autoestima
emitem comportamentos que dificultam seu relacionamento com os demais.
Quando o paciente chega ao consultório
as queixas relacionadas a autoestima giram em torno de temas como: sentimentos
de inadequação, não ser amado por ninguém, sentimentos de injustiça, solidão e
de não conseguir se relacionar ou manter relacionamentos.
Normalmente
pessoas carentes, com baixa autoestima têm
uma visão distorcida do amor. “Algumas
teorias da psicologia ainda acreditam que pessoas carentes não
conseguem, mesmo que inconscientemente, diferenciar amor, dor e sofrimento”.
5-
QUAL O SEGREDO DE UM RELACIONAMENTO FELIZ E DURADOURO?
Não existe receita pronta, pois ao longo
da vida, cada um constrói sua própria história psíquica, destarte é necessário
analisar as idiossincrasias pessoais de cada um e ao mesmo tempo compreender
como essas interferem na dinâmica do casal. Cada caso é um caso e deve ser
analisado individualmente.
Mas, somos sabedores que o primordial
para o sucesso de uma pessoa, aqui especificamente falando de uma relação como
o casamento, é que ambos se conheçam. Não falo de se conhecerem um ao outro,
Mas que conheça cada um, a si mesmo.
A
busca pelo outro é, de alguma forma, uma busca por si mesmo. Se não tenho um
bom relacionamento comigo, como posso ter com os outros?
6-
PARA SER FELIZ EM UM RELACIONAMENTO, É VÁLIDO MUDAR DE POSTURA E ATITUDE?
Aprender é mudar. Mudar para melhor é sinônimo
de desenvolvimento pessoal. Podemos mudar sempre! Sempre é hora de rever pensamentos,
comportamentos e emoções.
Uma relação é feita de duas pessoas, e
quando algo de um está aborrecendo, deve-se falar a respeito e tentar solucionar.
Deixar passar o que não vai bem só implicará em um acumulado de queixas, que
tendem a crescer com o tempo, consumindo o amor que um dia uniu o casal.
É mais comum do que podemos imaginar
casais que se separam e voltam a namorar (entre si), após algum tempo. É
triste, mas só depois que um dos cônjuges desiste de lutar e divorcia-se, é que
a "ficha cai" para o parceiro.
A partir da dor da separação o cônjuge
inconformado, que não ouvia as queixas do outro, passa a querer se modificar. Só
então ele se avalia, analisa, não rara as vezes, busca
uma terapia para auxiliá-lo nessa busca interior por respostas, e
começa a transformar seu comportamento a partir dos questões que o outro assinalava,
mas que antes eram meramente encarados como cobranças.
Estar aberto para esse
"feedback" de quem convive conosco e aproveitar para rever atitudes,
se olhar, é uma excelente oportunidade de crescimento como pessoa.
Cabe ressaltar que, nem sempre o olhar
do outro pode estar certo, mas vale. Por que não acolher e debater com ele seu
ponto de vista? Se não chegarem a um acordo, ou se forem muito discordantes, aí
pode valer a pena um investimento maior em uma terapia individual ou de casal,
para que consigam resolver essas diferenças.
Lembre-se: Não é preciso esperar a separação
para mudar o que está ruim no relacionamento!
Psicóloga Joselaine Garcia
CRP/RS 18.433
Psicoterapia de orientação Analítica
Hipnoterapeuta Condicionativa e
Cognitiva
Pós Graduada em Docência Universitária
Membro do Latin American Quality
Institute
Colabora regularmente com a imprensa
escrita, rádio e televisão.
Psicóloga laureada com diversos
prêmios em nível: Internacional, Nacional e Estadual
Blog: joselainegarcia.blogspot.com
Consultório de Psicologia em Cruz Alta
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