As redes sociais podem
estar mudando a forma com que lidamos com a perda
“Sinto por sua partida”, “Hoje um pedaço de mim vai contigo”,
“Como assim tu se foi?”. As frases, pontuadas por emojis tristes e corações
partidos, foram deixadas na página do Facebook de um rapaz de 36 anos que
morreu na semana passada.
Em meio às mensagens de saudades, estão outras, menos
‘sensíveis’. “Para TUDO!!! Como assim Produção?!?! André* e eu conversamos
semana passada... estávamos combinados de você vim (sic) aqui em casa... Não
Amigo!!! Assim não!!!” e alguns insistentes “Oi que está havendo????” estão
entre elas. Outro conhecido publicou diversas mensagens perguntando quando e
onde seria o enterro.
Além do luto, normal a qualquer perda, a família e
os amigos próximos de
André* precisaram lidar com uma enxurrada de
notificações nas redes sociais, uma situação bastante comum. “Acredito
que essa é a forma que algumas pessoas encontram de lidar. Em vez de deixar uma
mensagem no túmulo, em um livro de condolências ou fazer uma oração, você vai
no perfil e deixa o recado”, explica Rogério Oliveira, presidente do Conselho
Federal de Psicologia.
Segundo o psicólogo, seria preciso fazer um estudo mais
aprofundado para entender a mudança na forma de lidar com o luto em tempos de
redes sociais, mas ele afirma que é possível tecer algumas hipóteses. Oliveira
explica que manter
um perfil ativo após a morte pode trazer a sensação de ‘esticar’ a preservação
da memória do que a pessoa foi em vida. “Alguns realizam isso tendo filhos, netos, descendentes, ou
a partir de grandes obras.” As redes sociais seriam apenas
outra forma de manter as lembranças vivas.
No entanto, a manutenção de um perfil pode ‘atrapalhar’ o processo
natural do luto. “Minha hipótese é de que a não colocação de um ponto final, tentar
manter o personagem vivo nas redes, pode trazer um mal estar”, diz o
psicólogo. Isso porque, segundo ele, é preciso ‘elaborar’ a perda, lidar com ela e
avançar.
Suponhamos que os irmãos de uma mulher que morreu resolvam
manter seu perfil ativo, mandar mensagens, curtir postagens antigas. Para eles,
essa pode ser apenas uma forma de lidar com a perda. No entanto, se ela tiver
filhos adolescentes que acessam as redes sociais e veem a ‘interação’ com a
mãe, eles podem ter dificuldade de seguir em frente. “Na fase da adolescência é importante perceber
que a pessoa se foi mesmo, para poder se constituir como sujeito”,
afirma Oliveira.
O Facebook oferece duas opções. A família pode solicitar que
um perfil seja transformado em ‘memorial’ ou que ele seja apagado. Na primeira
opção, a expressão ‘Em memória’ aparecerá ao lado da foto de perfil, os amigos
na rede não receberão lembretes de aniversário e a pessoa não aparecerá mais
como sugestão de amizade. Para entender melhor como funciona um perfil
memorial, clique
aqui. Apagar uma conta, por outro lado, pode ser mais difícil. Isso pode
ser feito por um parente próximo confirmado, que deve entrar em contato com o
Facebook e fazer a solicitação.
Oliveira afirma que não há uma opção ‘ideal’. “Se acontecesse
com alguém que eu gosto muito, eu dou um tempo para a família e depois desfaço
a amizade. Acho que é o melhor, do ponto de vista objetivo. Mas, se fosse com
alguém da minha própria família, solicitaria que apagassem o perfil”, opina.
Para quem deseja manter a memória de um parente ou amigo
querido nas redes, alguns sites oferecem a opção de criar uma página em
homenagem à pessoa. “Um projeto online, que indique que realmente é uma
memória, pode ser interessante. Se a pessoa deixou uma obra, belas receitas
culinárias, por exemplo, eu acho que vale a pena criar uma página e explicitar
que é uma homenagem”, defende Oliveira.
*Nome fictício para preservar a identidade
Psicóloga Joselaine Garcia
CRP/RS 18.433
Psicóloga Clínica
Especialista em Hipnose Condicionativa
Especialista em Hipnoterapia cognitiva
Pós graduada em Docência Universitária
Psicóloga laureada com diversos
prêmios: Internacional, Nacional e Estadual
CONSULTÓRIO DE PSICOLOGIA
Rua Barão do Rio Branco 1701, sala 101
| Fone : 55.99167-7928
CRUZ ALTA RS,
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