Desde criança somos criados para o mundo do trabalho, aprendemos que o trabalho compõe nossa vida. Quando infante ainda na meninice, brincamos de trabalhar, onde na brincadeira, atuamos “nossos” desejos de um dia sermos adultos e quem sabe ser um professor, um bombeiro, um policial, um médico, um operário, enfim, sonhamos, brincamos de sermos trabalhadores, felizes e realizados.
Quando na idade escolar somos “treinados” para o “mundo” do trabalho e na fase da adolescência, quando começamos a por o pé na realidade do “mundo” do trabalho vemos que esse mundo não era tão lindo, tão perfeito, tão mágico como sonhávamos. Bem acho que aqui esta o detalhe que faz a diferença, trabalho e o “mundo” do trabalho.
Conforme (Dejours, 1994), no trabalho também existe prazer e o adoecimento e as formações das neuroses dependem da estrutura da personalidade que a pessoa desenvolve desde o inicio da sua vida e segundo (Freud) o sofrimento do trabalho nasce das elaborações edificadas nas relações de trabalho, a partir da cultura das organizações e de seus colegas de trabalho.
Observa-se que os valores da cultura da organização sobrepõem-se a seus valores, levando este a uma visão da organização a partir destes novos referenciais que lhes são totalmente fora do seu contexto, resultando em conformismos. As voltas com essa relação perversa e contínua, o trabalhador acaba por demonstrar, no trabalho, sintomatologias. O “mundo” do trabalho torna-se, de forma veloz e inconcebível, um complexo monstruoso, que subjuga o homem em todos os seus aspectos. Esse princípio de realidade internar-se e fere o psiquismo humano.
O trabalho segundo Mendes (1999) é lugar de realização, de identidade, valorização e reconhecimento, sendo a busca do prazer uma constante para todos os trabalhadores na direção de manter o seu equilíbrio psíquico, tendo o sofrimento um lugar que surge a partir das imposições que as condições externas às situações de trabalho impõem aos trabalhadores.
O trabalho é um dos caminhos para o investimento da pulsão por meio da sublimação, que mais aproxima o homem do seu desenvolvimento. O confronto com uma realidade restritiva é que mobiliza a não-gratificação dessa energia pulsional, gerando conflitos e causando sofrimento
Ao refletir na saúde do trabalhador, especialistas tentam, banir o sofrimento do trabalho, no entanto, sofrer corresponde a um estado permanente da condição humana, o sofrimento é a base que confere sentido à vivência do sujeito, trazendo-lhe reconhecimento e identificação por meio da criatividade. Somos seres faltantes!
As doenças somáticas surgem naqueles indivíduos que possuem uma pobre canalização das defesas psíquicas (DEJOURS, 1997). Quando as defesas psíquicas não conseguem dissipar os conflitos suscitados, sem que ocorra uma descompensação neurótica ou psicótica, surge a doença somática.
As patologias mentais estão atreladas à formação da personalidade do sujeito. "As descompensações psicóticas e neuróticas dependem, em última instância, da estrutura das personalidades, adquiridas, muito antes, do engajamento na produção" (DEJOURS, 1997, p. 122)
Dejours revela que o trabalho possui um aspecto mais favorável, anunciando que apesar dos resultados funestos da evolução contemporânea da organização do trabalho, esta ainda pode ser fonte de prazer. Como bem vimos, trabalho é fonte de prazer, de estruturação do ser humano, o que causa sofrimento é a organização do trabalho, e o adoecimento se dá naqueles indivíduos que tem uma pobre canalização das defesas psíquicas, ou seja no individuo que tem um ego debilitado e frágil.
Joselaine,
ResponderExcluirparabéns pelo sucesso com teu trabalho, estarei sempre te visitando. Lindo e muito informativo teu blog. Te espero novamente no meu também.
Beijos,
Suze