Psicóloga Joselaine Garcia Entrevista concedida para a revista Vitalite, Setembro de 2013" |
Transtorno compulsivo é sinal de que algo não anda bem
O que é compulsão?
Transtorno do Comportamento
compulsivo ou aditivo são hábitos aprendidos e seguidos por alguma gratificação
emocional, normalmente um alívio de angustia e/ou ansiedade, ou seja, são condutas
visivelmente excessivas ao qual o sujeito não consegue, na maioria das vezes,
resistir.
O compulsivo não
tem domínio sobre o que lhe passa na mente, não controla os pensamentos, os
impulsos. Os desejos aparecem impulsivamente. A pessoa atua para suprir estas
necessidades.
Há diversos tipos de comportamentos compulsivos
como: Comprar
compulsivo (Oniomania), Atividade Física Compulsiva (Vigorexia), Trabalhar
Compulsivo (Workaholic), Comer Compulsivo (Binge-Eating), O jogo compulsivo, comportamento
Sexual Compulsivo, etc.
Comer, comprar ou fazer algo compulsivamente é algo grave? Compulsão é
uma doença?
Em muitos casos
pode ser considerada doença sim. Cada caso é um caso e, por isso, difícil de
explicar em poucas linhas, mas de maneira geral a compulsão manifesta-se em
maior ou menor gravidade, em cada tipo de compulsão temos conseqüências
especificas e estas podem levar a sério comprometimento da qualidade de vida e
da saúde do sujeito, causando Complicações Clínicas, Sociais, familiares e
pessoais.
Quando ela é considerada doença?
Para discorrer
sobre este assunto, dentro das compulsões, teríamos que separar os transtornos
compulsivos e elencar cada um separadamente, porém isso não é possível em
poucas linhas, então falando aqui de forma generalizada, pode-se dizer que, normalmente
os Comportamentos Compulsivos, para serem consideradas doenças, precisam
causar algum tipo de interferência no desempenho das atividades cotidianas ou provocar
prejuízos significativos à vida da pessoa e/ou ao seu entorno sócio-familiar
bem como gerar sofrimento ao sujeito.
Aqui discorrendo,
especificamente, na compulsão alimentar pode-se dizer que, Segundo o Manual de
Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR), a compulsão
alimentar pode ser compreendida como transtorno quando ocorrem episódios
freqüentes (pelo menos duas vezes por semana) e quando esse comportamento se
prolonga por um período específico (6 meses) e contando com alguns critérios
abaixo:
1. comer
muito e mais rapidamente do que o normal;
2. comer até
sentir-se incomodamente repleto;
3. comer
grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto;
4. comer
sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome;
5. sentir
repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
Neste transtorno,
em específico, existe um risco significativo de evolução para obesidade e
nestes casos temos todas as conseqüências físicas, patológicas apresentadas
pelos obesos.
Ela pode estar aliada a outras patologias como a depressão?
Sim, por traz
deste comportamento compulsivo existe uma dificuldade emocional disfarçada.
Podemos dizer que
apesar de sua origem ser multifatorial (sociocultural, familiar, genética e
psicológica), a compulsão está muito mais relacionado com o funcionamento
psíquico da pessoa, as emoções movimentam o ato compulsivo e vice-versa. O
sintoma acaba provocando um ciclo vicioso (impulso – culpa – impulso), por
exemplo: comprar – tristeza – comprar (a tristeza se dá, muitas vezes, por
culpa, pois o sujeito não conseguiu resistir ao ato).
Como diz a
Psiquiatra Ana Beatriz Silva “Trata-se de um sofisticado quebra-cabeça que
determina a forma como cada cérebro vai funcionar e gerar suas interpretações
singulares”.
Existe tratamento?
Sim, existe
tratamento, porém, primeiramente a pessoa tem que reconhecer que existe o
problema, é a primeira condição para buscar atendimento e ajuda adequada.
É necessário que
haja um acompanhamento contínuo, ter a assistência de um psicólogo e/ou de um
psiquiatra. Dependendo da gravidade e dos outros aspectos concomitantes, pode
ser necessário o uso de medicamentos.
É de extrema
importância que no trabalho terapêutico, o sujeito tome conhecimento do porque
se desencadeia sua compulsão, os sentimentos presentes.
A terapia envolve
tanto a compreensão racional de seus atos, a busca de soluções práticas como o
entendimento das emoções básicas não atendidas que resultaram em compulsão.
Muitas vezes há intensos eventos na história de vida deste compulsivo que contribuíram
na instalação do sintoma, não rara vezes os acontecimentos não são tão claros
assim. Informações disfuncionais absorvidas ao longo da vida de maneira muito
sutil, imperceptível, podem ter fortes influências.
Quando uma pessoa deve procurar ajuda?
Deve-se procurar
ajuda quando a compulsão causar algum tipo de interferência no desempenho das
atividades cotidianas ou provocar prejuízos significativos à vida da pessoa
e/ou ao seu entorno sócio-familiar bem como quando estiver gerando sofrimento
ao sujeito.
Para Finalizar, é
imprescindível salientar que alguns teóricos apontam que existe uma grande semelhança entre comportamentos compulsivos e
dependência química. A angústia gerada pelo impedimento do ato, os sintomas
emocionais da abstinência, tais como, sudorese, tremores, taquicardia, a
maneira compulsiva e repetitiva das atitudes, a importância que essas atuações
ocupam na vida da pessoa, o comprometimento na qualidade da vida afetiva,
familiar, profissional e social. Tudo isso são eventos que aproximam muito os
comportamentos compulsivos com a dependência química.
O prazer e a gratificação alcançados por meio dos
comportamentos compulsivos deixam de levar em conta os prejuízos que os
mesmos podem causar à própria pessoa.
JOSELAINE GARCIA
Psicóloga,
Hipnóloga,
Pós Graduada em Docência Universitária.
Formada pela segunda turma
de Psicologia da URI Campus Santiago.
Hipnóloga credenciada ao Instituto
Brasileiro de Hipnologia,
Membro da Sociedade Ibero-Americana de Hipnose
Condicionativa.
Psicóloga Laureada com diversos prêmios em âmbito
Internacional, nacional, estadual e municipal.
Consultório Psicológico
em Cruz Alta – RS
Rua Barão do Rio Branco
1701, sala 101 – centro.
"Entrevista concedida para a revista Vitalite, de Cruz Alta, no ano de 2013"
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